segunda-feira, 26 de julho de 2010

Rascunhos de cores soltas

É vermelha. Vermelha é a cor que me pinta o coração, todos os dias quando te oiço cantar palavras nossas que ficam penduradas a fio de seda sob o nosso tecto tão seguro quanto o nosso amor.
É rosa a cor que preenche o meu sorriso; sorriso de menina,de quem ainda muito tem para sorrir.
É do arco-íris que voas para mim todas as manhãs, mesmo naquelas em que o céu é preenchido pelo nevoeiro de maré cheia.
E por onde andas quando sorrio relembrando momentos nossos, como vontade de te prender a mim como se tivesses vindo ao Mundo há 20 anos atrás só para mim?!
São memórias que guardo no meu peito, memórias que me consomem os músculos de tanto me fazerem sorrir e amar. Sentidos trocados por rios perdidos. Serras por atravessar e pedras sujas e gastas de uma vida riscada pelos pontapés dos problemas.
Oiço cascatas lá longe, onde nos espera uma vida talvez não fácil, mas com a certeza de que será passada a teu lado.
Bailo levada pelo vento como se a Primavera me levasse por aí sem destino traçado. Quem me dera que fosse sempre assim, Primavera.
Atravesso ruas desertas onde se respira fado e vidas passadas. Ouve-se as bocas do Mundo, falando baixinho e atraiçoando por vezes os mais nobres. E de que falam vocês senão da vida de alguém que não a vossa? 
Eu respiro a nossa casa, cheira a flor de laranjeira e alecrim. Cheira a amor. Quando sais, fechas a porta da tua presença e abres as portas da saudade. 
Aqui me encontro, deitada no nosso jardim à tua espera, todos os dias; e não haveria outro sítio senão este em que eu preferia estar.
Até já.



domingo, 25 de julho de 2010

Sentir ou não sentir?

Correr; correr atrás de todos os segundos e vive-los ao máximo. Fazer parar o relógio e viver uma paixão sem tempo contado. Deixar o diário para trás e pensar apenas no futuro. Fechar os olhos, sentir a brisa levantar o cabelo e sentir a liberdade que paira no ar.
Esperar por aquilo que vale realmente esperar, lutar pelos sonhos que nos invadem diariamente a alma e sonhar.
Sonhar, sonhar bem alto e «a bom som». Ser grande, ser alguém. Ser um numero na calculadora, uma letra na Bíblia.
Eu multiplico os dias pela felicidade e vivo todas as divisões dos segundos, ao máximo. Eu abraço com o coração e deixo os braços embalarem a doce alegria que me contagia. Eu amo com as minhas palavras, com todos os meus números e raízes quadradas. Talvez complicando o fácil ou talvez facilitando o difícil, mas sei que tudo me leva ao meu valor final.
Eu entrego todos os meus papéis e canetas. Eu rendo-me e entrego tudo o que sou, tudo o que me define. Eu sou e entrego-te; entregarei sempre.
Eu choro pelos números que se foram perdendo entre tantas somas e multiplicações. Mas que posso eu fazer se a máquina os subtrai automaticamente sem eu dar por isso? 
Eu luto; luto pelo que amo e pelos que me amam. Os que ficaram para trás, não mereceram o meu suor, é nisto que tento acreditar.
Que mais posso eu dar quando tudo levas contigo, todas as noites? Mas sabes? Não voltes para me entregar; guarda tudo aí contigo, bem perto daquilo que é só e tão nosso.
Mil palavras, mil letras soltas e um nada com tanto para dizer. Lágrimas perdidas, escusadas talvez. Mas derramadas e marcadas cá dentro.
Só tu me sabes de cor e só tu devoras a minha alma todos os dias, com toda a tua força e paixão. Porque feita à tua semelhança, eu acordo todos os dias para te ouvir respirar bem perto de mim como se a casa estivesse vazia. Mas não está. Está cheia; cheia de momentos, lágrimas, canções, noites de verão, tardes bem passadas, cartas, palavras, noites em branco, amor e fidelidade. Que mais se pode querer senão uma casa cheia? 
Vivo,talvez, daqueles que me carregam e daqueles que carrego. Mas o que somos nós sem isso? Somos inúteis seres sem amor.
Eu canto até me faltar a voz e ninguém me cala.
Fecho os olhos e deixo que a vida me leve até onde realmente pertenço. Abro os olhos e abraço-te todos os dias com todo o meu corpo colado ao teu, como se nada nos separasse.




Como diria a minha escritora preferida : «Se calhar sou doida, sofro da mais antiga enfermidade do ser humano e que ainda nenhum cientista se lembrou de diagnosticar, estudar e classificar como uma patologia: não sei viver sem amor» - Margarida Rebelo Pinto





M.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Remember me *




 Aqueceu a noite, nascia, e o céu exibia o seu maior sorriso com as estrelas que gritavam, doces laços de luz.
 Uma melodia desenhava-se em ti e no teu poder. Dias meio arranhados já teriam acabado, e as luzes pareciam esconder-se. O vento cobriu-nos e soltou-se a chuva que nos une, que nos enrola, abraça e mistura, e que nos afasta e apaga.
 Os risos entrelaçados e os passos que te formam surgiram, deixando um vasto rasto de cor. Enublada a tua voz, cantava rouca, e de ilusões te soltaste quando até sombra se apagou, sobrando a tal imagem que tinhas criado.
 Com aquela intensidade, te tornaste mais que uma fantasia. Um autêntico caos com uma razão, de uma radiante inocência.
 A aventura desvanecia tão depressa como os meus cabelos se soltam com brisas, e deslizas num alcance de seres mais que uma hipótese.
 Combateste, assim, as dúvidas e protagonizaste essa parte que me compõe, o efeito que bastava.
 Naturalmente, o instinto levou-te mais longe, e, de algum modo inconsciente, embelezaste o inevitável, perdendo-se, então, o mistério.
 Uma indestrutível e contagiante sensação apoderou-se, explodindo num toque.
 O desejo bate nos pulsos e as veias enchem de fogo...
E, aí, amanhecendo no teu olhar, transformei-me e dancei ao som do teu já conhecido e delicado riso.

A

Hello ma love.



  Fecha os olhos e sente como estou contigo agora, acredita que é real.
 É uma melodia que continuo a ouvir que faz com que a minha cabeça dê voltas e voltas.
 Agarro-me a sonhos e não oiço o que me dizem.
 Tenho de dizer o que quero e seguir o que sinto. (Acreditar que) sei exactamente quem sou. Tenho de decidir se fico atrás ou se sou a estrela.
 Agora só quero um início. Continuo à espera que novas fantasias comecem.
 É como se tivesse sido só a minha cabeça a inventar porque parte do melhor que já tive, desapareceu aos poucos. Continuará a desaparecer? Irá mais longe ou voltará? Quem sabe?
 E não faz diferença nenhuma quem está certo e quem está errado.

 Se algum dia nos encontrarmos de novo, eu não serei a mesma e talvez até te pedirei para viajares comigo.
 Agora só com novas palavras me acalmaria.
 Se algum dia nos encontrarmos de novo, vem comigo e viaja comigo. Ou pára só por 3 segundos.
 Talvez só precise mesmo de definir um caminho a seguir, tornar sonhos realidade, começar a minha história. Viajar, sozinha… e ser a estrela.
 Mas e se eu tiver de ir? Vais jurar que não te esqueces?

A  

Play.



  Gostava de me ausentar nem que fosse só por um dia. Poder afastar-me daquelas pessoas que só me enchem a cabeça e daquelas que parece que nem vivem. O que eu gostaria mesmo era de reunir todos os amigos e guardá-los sempre comigo, ignorando totalmente o resto do mundo.
 Há dias em que penso em descrever a alegria que sinto, mas não arranjo forma. E depois há outros em que finjo estar bem, pois não há alternativa. Já fingi muitas e muitas vezes estar bem para não ter de ouvir perguntas, para não ter de ouvir ninguém. E é nessas alturas que me sinto ainda pior: ser obrigada a fingir, ser obrigada a estar onde não quero estar.
 E se te dissesse que consigo apagar os problemas e a tristeza ao dançar? Acreditavas?
 Liberto-me, abandono todos os maus pensamentos… as ideias desaparecem e pura e simplesmente deixo-me ir. A música percorre sempre o meu corpo e eu, eu só quero ficar nesse mundo à parte. Quero continuar a agarrar-me a ele, e não interessa quando, onde nem como… apenas danço. Apenas sorrio às estrelas.
 Já desejei que, pelos menos alguns momentos na vida, fossem feitos só disso: entregar-me não com palavras mas com música. Porque o resto desvanece e sinto-me bem. Porque basta um clique no Play.


               A

sábado, 3 de julho de 2010

Passado,presente, futuro.

http://www.youtube.com/watch?v=IAAljtS_ngY&feature=related



Ás vezes pensamos que aprendemos e que finalmente as coisas vão melhorar. Pensamos que a paz não é um bom estado de espírito e que precisamos de vida, de acção. Tomamos decisões precipitadas e aguentamos com as consequências. 
Gritamos, damos com a cabeça (...) mas voltamos a cometer o mesmo erro. Choramos, sofremos e voltamos a fazer o mesmo. E fica a questão : Onde está o nosso orgulho? Onde ficou o nosso amor próprio? Onde ficamos nós? Onde é que nos perdemos? Em que instante é que deixamos de nos amar para amar outra pessoa? Onde? Digam-me e voltarei atrás.
Ficamos sentados na beira da estrada a ver os que amamos partirem para o desconhecido enquanto nos encontramos acomodados com o que temos. Aceitamos aquilo que nos magoa sem reclamar. Fingimos levantar a cabeça e esquecer mesmo sabendo que está gravado nas nossas plaquetas. Fingimos sermos felizes mesmo implorando para viajar para longe, para conhecer o desconhecido.
Lamentamonos do Mundo e nada fazemos para o mudar. Lamentamonos do amor e continuamos atrás dele como se gostássemos de sofrer, não fazendo nada para impedir isso.
Acreditamos que somos mais um peixe num cardume mesmo sentindo que podemos ser alguém maior. 
Magoamos os que nos amam sem que eles nos tenham magoado. Cortamos a nossa própria pele quando nos apaixonamos, como se soubéssemos o final que nos espera. E não saberemos mesmo?
Perdemos tempo à espera da felicidade mesmo sabendo que só se alcança com luta. Perdemos tempo a amar quem não nos aceita.
Entregamos aquilo que construímos durante anos sem pedir nada em troca. Guardamos sorrisos em envelopes cheios de momentos como se nos acomodássemos sobre eles, sem os querer repetir.
Perdemos tempo a sofrer por quem nos deixou mesmo sabendo que quem ama nao abandona. Perdemos tempo a implorar pelo passado mesmo sabendo que o que lá vai não se muda.
Ignoramos que temos um futuro pela frente e deitamonos sobre o sofrimento do presente.
Soltamos gargalhadas com quem as merece e vivemos os momentos mais felizes da nossa vida quando menos esperamos.
E porque não lutar, então? 
Onde ficou enterrado o nosso amor próprio?







M